Vidas negras importam!

O número cada vez maior de adesão do mundo nas manifestações, apesar da pandemia, com o lema: Vidas negras importam, está cada vez maior. Essa insurgência linda, é um basta de uma sociedade que cada vez mais plural, exige também mudanças dentro de um comportamento de dois séculos atrás. Não dá mais para conviver numa sociedade racista, preconceituosa, homofóbica e misógina. De uma maneira geral, os conservadores que são a elite do país, perpetuaram os valores que foram passadas por gerações, desde a época escravocrata. Quando o governo passado, resolveu humanizar e reparar o erro histórico, com a população negra mais pobre, que se transformou em subalternos dessas elites, viu a gota d’água dessas elites e levaram as últimas consequências com o golpe de Estado.

O caldo é pior no Brasil. Aliado a esse preconceito, está consolidado essa forma de subjugação inseminada. Fomos os primeiros a entrar na escravidão e os últimos a sair. Agora, temos o fascismo moderno instalado no país, que acirra mais essa noção. Não foi uma ruptura. O Fascismo sempre teve o Liberalismo como berço. Tudo começa com o ideólogo Vilfredo Pareto, economista liberal e um dos cabeças do movimento fascista, em meados do século XIX, na Itália. Pareto foi inimigo mortal do socialismo, defensor da dominação das elites, além de ter sido um dos teóricos que produziram a ideologia precursora do fascismo.

Uma classe dominante sempre irá enriquecer cada vez mais, acreditando que as desigualdades sociais faziam parte de uma ordem natural. Por esta razão, ele reivindicou uma redução do Estado e conceituou o regime de Benito Mussolini como uma transição para esse Estado mínimo. E vimos o que vimos.

Nos Estados Unidos, temos um histórico muito violento das disputas entre brancos e negros. A segregação feita pelo Estado, acirrou os ânimos durante anos. Tivemos grande levantes desde Luther King, mas nunca de forma mundial. Este momento é importante. Todo debate é importante. A gasolina desse basta, está na política neoliberal que sufoca toda população, levando a essas consequências. A luta contra o racismo é diária e se não for, nesse momento, eliminada, as futuras gerações vão continuar passando pelos mesmos problemas. Agora é o momento de ruptura.

O movimento pipocou no mundo. Na Inglaterra, a estátua de Edward Colston (1636-1721), traficante de escravos britânico, foi derrubada e atirada dentro do rio em Bristol. Foi uma homenagem da cidade ao benfeitor branco, que ajudou a cidade com dinheiro sujo. A derrubada, resolve um problema de séculos de injustiça. E não se trata de vandalismo. Mas sim, a derrubada de símbolos do poder opressivo! Como construir um futuro antirracista? Velhas dicotomias devem cair, o sistema deve mudar e o amor ao próximo deve reinar. São passos gigantescos, mas essa construção não vai retroagir.

No Brasil, temos uma sociedade colonialista muito forte. Tem o desejo de ser o velho coronel de uma fazenda, que domina uma cidade e tem milhares de escravos a seu bel prazer. Esse é o desejo de nossa elite e daqueles que querem e almejam seus desejos de crescimento social. Somos e temos um histórico de subserviência histórica, que pode ter os dias contados, com um levante mundial em caminho. Por isso esse momento é histórico. E não precisamos ser negros para lutar contra o racismo. Só precisamos ser humanos. Amplificar a voz contra o racismo. Temos a obrigação histórica de reparar esse erro do passado, sendo que aqui deveria ter mais palanques para essa discussão, pois todos temos mistura com negros e índios. Somos todos negros também. Ou seja, mexeu com o país inteiro.

Se você ficou em casa, mas concorda com a causa, está certo. Se você foi as ruas, apesar da pandemia, não está errado. O momento complexo exige se somar na luta Antifascista e Antirracista, pelo poder popular!